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A Melhor Amiga da Barbie

Os Pequenos Demónios da Alimentação.

07.03.18 | Ana Gomes

 

 

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Penso sempre um bocado antes de me aventurar a escrever sobre alguns temas. 

Este é um desses casos. Mas depois de ter “aberto” a caixa de pandora nos stories do Instagram comecei a sentir que… talvez até fizesse sentido escrever sobre isto. 

 

Estou-me a referir a alimentação e mais concretamente à alimentação da Vitória. Acho que todos somos obrigados a reconhecer que atravessamos uma fase relativamente complexa no que à produção alimentar diz respeito. O mesmo alimento hoje é substancialmente diferente do que há uns 50 anos atrás. Não só porque a ciência evoluiu e passou a ter uma acção directa sobre a industria mas também porque o clima e o ambiente se têm vindo a alterar significativamente. Não vale a pena falar de “lobbys” e industrias que se financiam numa realidade paralela porque isso seria entrar em terrenos pantanosos e nem vale a pena ir por aí. 

 

Aquilo que há uns anos atrás era considerado normal e fruto da revolução industrial… veio-se a revelar o principal combustível de muitas doenças degenerativas que começam a ser demasiado comuns na nossa sociedade. Ainda assim parece que queremos ignorar ou que alguém quer que isso não seja assim tão evidente no nosso dia-a-dia. Já se tentou explicar que o açúcar não é dos melhores alimentos do mundo - ainda que seja dos mais saborosos… é um facto - e que os E's são potencialmente cancerígenos. Mesmo assim as bolachas maria continuam a ser recomendadas por nutricionistas e a ser oferecidas diariamente nos hospitais. 

 

Vamos por partes : caramba… eu ADORO o sabor das malditas bolachas… mas se já sei que não são uma boa opção… porque é que não há um controlo e um alerta maior? Estou a dar - e espero que compreendam - um exemplo bastante pequeno mas que acredito que possa ser representativo já que está na base de alguma das minhas chatices. Posso dar mais exemplos: é muito diferente comer um pão de ló caseiro, cozinhado com alimentos simples e minimamente puros… do que comer um pão de ló com validade de meses e cheio de conservantes e intensificadores de sabores. E sim… é muito diferente comer um pão que tem como ingredientes água, farinha, fermento e sal de um outro pão que se faz valer de uma extensa lista de componentes. Podemos pensar o mesmo quando comparamos uma sandes com doce de fruta sem açucares adicionados e um croiassant com nutella. Todos compreendemos a diferença? E sim.. eu sei que pensaram o mesmo que eu... o croiassant é muito mais saboroso ahaah. Estou a tentar dar exemplos básicos e do dia-a-dia. Eu não critico ( que me venha aqui dizer quem é que me ouviu falar mal ou dizer que alguém não devia comer uma ou outra coisa ) a alimentação que os meus amigos fazem ou escolhem para os filhos. Mas é raro o dia em que as escolhas que eu faço não são alvo de piada fácil ou são retratadas como algo que é um castigo para a minha filha. 

 

“Os meus filhos sempre comeram de tudo e cresceram saudáveis.” Ora… que boa noticia! A sério… sem ironias. Mas se eu tenho hipótese de escolher, se eu me tento informar, se faço escolhas em consciência porque é que eu sou a complicada e as outras pessoas as certas? Não me acho dona da razão e adoro uma pizza daquelas mesmo mazinhas. Mas isso é a excepção da minha alimentação. Quando a como sabe-me pela vida e como-a sem culpas. Nada me garante que não vá ter uma dorzita de estômago ou um inchaço extra mas… eu sei o que estou a fazer e sim… o que estou a fazer é errado. 

Numa altura em que não somos privados de espaços comerciais com produtos frescos, em que há várias empresas que fazem inclusive entregas à porta de nossa casa, comer alimentos altamente processados e com mais ingredientes modificados do que naturais é uma escolha nossa e não a "alternativa possível". 

 

Acho - muito honestamente - que preferimos não saber. Preferimos não saber como são produzidos os alimentos que nos chegam ao prato, como são criados os animais que comemos ou quantos pacotes de açúcar estão naquele chá gelado… que afinal é chá e não deve fazer assim tão mal. Como os cereais que se têm bonequinhos nos pacotes devem ser espectaculares para os miúdos ou as papas que se dão há anos e pertencem a empresas mais do que credibilizadas. É mais fácil não querer saber, não pensar… acredito mesmo que até quem poderia ter um papel mais pro-activo na educação dos pais não perde tempo com isso. E sim… estou a falar de médicos e de empresas que organizam os menus das escolas dos miúdos. E sim… também estou a generalizar porque enfim… estando a ser conscientemente injusta estou já a deixar a ressalva de que devem existir pessoas e entidades diferentes mas não são - infelizmente - aquelas com que convivo. 

 

Não se enganem. Eu não acho que sei tudo ou que sei muito sobre alimentação. Eu sei mesmo muito pouco. Vou tentando saber e vou tentando aprender e empiricamente consigo perceber que alimentos mais simples e sem rótulos serão melhores para nós que nascemos também sem rótulos e sem conservantes e espessantes e estabilizadores artificiais. A Vitória com pouco menos de 10 meses também já conhece o prazer de comer uma bolachinha. Mas enfim… uma bolachinha que sendo saborosa é menos … artificial? 

 

Eu volto a dizer : isto não é uma critica aos outros pais. É só um "parem de me chatear se ninguém vos chateia e há informação para quem a procura." Tudo aquilo que disse não resulta de anos de estudo da minha parte. Nada disso... está escarrapachado em todo o lado. Escolhemos dar ou não dar. Acreditar ou não acreditar. E não qualquer problema da minha parte para quem dá. NADA mesmo. 

 

Sei que vai ser uma batalha dura. Sei que vou continuar a ser gozada, ridicularizada, sei que haverá um momento em que a minha filha irá ter de lidar com isso. Irá ter de ouvir “ ah… mas tu não podes porque a tua mãe não quer” … “ah… pois… a tua mãe não deixa”. 

 

Espero que não se zangue comigo. Como eu nunca me zanguei com os meus pais por me mandarem cenouras cruas para o lanche em vez de pão  de brioche com tulicreme. E sei… que tal como eles vou dar à Vitória a oportunidade de provar tudo o que quiser. Mas será sempre a grande excepção e nunca a regra. 

 

Cada um faz o melhor que sabe. não é verdade ? E eu acredito naquilo que estou a fazer para a MINHA filha. E é nela... e só nela que penso. Não percam tempo a pensar tanto nela e naquilo que ela come... ou no caso... no que não come. 

 

 

( tenho que deixar uma nota para as educadoras da minha filha que são óptimas no que à alimentação da Vi diz respeito e com quem estou à vontade para brincar sobre o assunto. Apesar da escola da Vitória exigir uma declaração médica para todas as excepções á regra... quando a declaração aparece é tudo cumprido na integra! E não estamos a falar de um colégio privado ou algo do género. Claro que o pediatra da minha filha disse aquilo que me apetece responder sempre que me pedem a declaração... " Mas a mãe não é responsável pela sua filha? As escolas têm de acatar as escolhas dos pais que não prejudicam as crianças". ) 

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