O João.
No dia 9 de Janeiro de 2013 tinha que ir ver um espectáculo para escrever sobre ele.
Pedi-lhe para vir comigo. Porque sabia que nunca me dizia que não - só se realmente não pudesse.
Estava um frio de rachar ( concordo com o Rui Veloso ) e eu estava gelada e melancólica. Como hoje, como ontem, como quando isto acontece e me sinto mais sozinha.
Não me lembro do espectáculo. Já vi muitos naquela sala. Lembro-me que uma pessoa chata nos empatou na saída e ficámos uma hora a falar contragosto.
Seguimos beira rio em direcção a Santos. Ele disse-me "tenho fome". Eu disse "Está bem.. mas é tarde e quero ir para casa."
Estávamos a ouvir rádio quando o sinal horário interrompeu a música e ele disse : Parabéns. Enfiou a mão por baixo do banco e tirou um saco. Presentes. Uma coroa, gomas em forma de coração, um postal e outras coisas tontas.
Deu meia volta e parou no macdonalds. Um muffin de chocolate, uma vela, cantou-me baixinho (porque sabe que não gosto). Chorei.
Nunca me vou esquecer deste dia, nem deste momento. Nunca.
Quando escrevi um texto triste a semana passada o meu telefone tocou : "Chamas-me e eu vou. E eu aqueço-te os saquinhos de cereais e levo-tos para dormires quentinha." Chorei outra vez.
Ficámos longe meses. Nem eu nem ele sabemos porquê. Não foi por nada. Eu sinto-o sempre perto. Falo sempre dele como O meu amigo. Ontem fomos jantar. Rimos, desabafamos, dissemos : tenho saudades.
O João é dos meus amigos mais queridos. Dos meus amigos que me dizem "quando achares que não és boa companhia para ninguém, sabes que para mim és." Sabemos que podemos contar tudo um ao outro. Que já nos suportámos nos momentos mais complicados. Que já partilhámos sufocos e agonias. Que já fizemos coisas com que nem um nem outro concordava. Mas estamos aqui.
Eu posso não ter sorte nenhum no Amor. Mas nos Amigos...