Não sei onde começa.
Não sei onde começa, nem onde acaba. Nem sei como se põe a funcionar.
E não sei certamente medir as consequências de quase nada.
É uma bomba relógio.
Sinto que posso chorar tudo a qualquer instante, que me posso revoltar, ou desfazer-me em milhares de picos cortantes. Não pedindo, em geral, esperamos provas de Amor. Não pedindo, o que não esperamos, são actos constantes de um desamor que é reafirmado - desnecessariamente.
Sabes, há uns tempos o meu medo era o de ficar amarga. De ficar revoltada com a vida e tornar-me numa daquelas pessoas cinzentas, que implicam com tudo só porque assim se devem sentir parte de alguma coisa. Virava-me para longe dos que tinham o romance ao peito e recusava tudo o que me fizesse sentir na única que não tem Amor.
Esse medo não passou. Tento não me fechar ao mundo, mas sei que de certa forma fechei o meu. Não é um tratado dos infelizes... nem é um manifesto da eterna solidão. É que me sinto demasiado racional. Tão racional que nem tenho sido capaz de chorar quando sei que preciso.
Tão racional que o desconforto e o silêncio foram aceites como a forma certa de passar os dias.