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A Melhor Amiga da Barbie

Diário Dela #23

06.04.15 | Ana Gomes

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" Eu vou continuar sem saber. 

Quero acreditar que me apaixonei num dia de Sol e sei que era Inverno. 

Vou continuar sem saber porque tenho feito por não pensar nisso. 

Sei que era Inverno porque estávamos em Dezembro e o tempo sei-o porque me pude esconder nuns óculos de sol. Fiquei na posição mais desconfortável. Sentada numa cadeira virada para o rio sem nunca perceber se estavas ou não a olhar para mim. 

Há uma coisa que sei : para além do medo não me lembro de sentir mais grande coisa. Nem tristeza, nem ansiedade, nem alegria. Medo. Só medo. 

Medo de que te fosses embora depois de me ver. Medo de que te arrependesses dos 15 convites que me fizeste... mesmo depois de ter sido eu a rejeitar 16 ( segundo as tuas contas ). 

Palerma : rejeitei por medo. Nunca por mania. 

Confesso : Apesar do medo a ideia da superação - ter aceite e ter concretizado - foi um alivio enorme. Na minha cabeça ia intercalando "onde é que me estou a meter" com "quero que se lixe". Pensei "quero que fique" e pensei "já sei que se vai embora". 

E de repente dei por mim a falar de tudo. Expus as minhas fragilidades, aquelas coisas que achei que eram o meu maior segredo. Dei ao meu maior inimigo toda a estratégia de ataque. Não sei. Acho que senti que saberes os meus pontos fracos me faria ter menos medo. 

 

Compreendem? Pareceu-me tão sensato ser a pessoa menos encantadora do mundo. Depois de verbalizar aquilo que mais tentei esconder do mundo pensei : agora não volta. agora nunca mais volta. 

 

Lembro-me vagamente do resto das conversas que tivemos. Sei que falámos das minhas negações e da forma meio atabalhoada como fomos ali parar e eu desejei que o meu avião saísse mais cedo e quis não ter de lidar com a rejeição. 

 

Quero acreditar que me apaixonei num dia de Sol e sei que era Inverno. Mas tenho quase a certeza que não foi naquela esplanada. Ali só senti medo. E depois uma vontade incontrolável de te dizer que não queria que não voltasses. 

 

Queria-te por perto. 

 

Talvez me tenha apaixonado por ti quando me deste a mão mesmo sabendo que não era seguro. Tenho a certeza que me apaixonei por ti todas as vezes que me fizeste tremer. E vou querer que nunca te esqueças de inventar formas de me roubar beijos : como quando me mascaraste e te mascaraste e depois de nos termos beijado teres sido forçado a comprar as máscaras. Sem metáforas. Só com a piada que adoro que tenhas. "  

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