É um exercício difícil.
Muito difícil.
Este de contar os arco-íris em vez das tempestades.
No imediato temos sempre tendência para nos focarmos no que nos faz sofrer. No que dói.
Olhamos para um momento e tiramos a crosta da ferida quase - ou aparentemente - sarada.
Choramos ou sorrimos. De felicidade ou por ironia.
Tanto faz. Pouco importa. Tudo conta. Nada nos acalma.
Porque é que afastamos as pessoas que nos fizeram mal, quando noutro momento nos fizeram tão bem? Porque é que as arrancamos da nossa vida?
Haverá quem pergunte, mas porquê mantê-las?
O mesmo com as situações que correram menos bem. Nem sempre com pessoas, mas com momentos.
E o que foi bom? E o que soube bem? Conta? E para quê? Para aumentar o sofrimento? Porque acabou e não é recuperável?
Tudo é entendível. Tudo deve ser compreendido. Melhor ou pior cada um sabe - ou tem de - lidar com a sua dor.
E se eu sinto que já tive milhões de tempestades, o dia acaba sempre melhor quando deito a cabeça num arco-íris.