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A Melhor Amiga da Barbie

Balanços e Resoluções? Nem me atrevo.

02.01.16 | Ana Gomes

Zero palavras. 

Zerinho. 

 

Estou mesmo sem saber o que escrever - ou mesmo o que fazer. 

 

Já se foram dois dias de 2016 e não fiz absolutamente nada. 

Mentira : fui ao supermercado porque a comida saudável não abundava aqui por casa. 

 

Resoluções para este ano? Também não fiz. 

Se a vida tem sido absolutamente maravilhosa? Bom... na realidade não me posso queixar. Não me falta NADA no que diz respeito às coisas básicas da vida. E as pessoas que me são próximas estão bem. Isso seria o suficiente para tudo ser maravilhoso : e é um bocadinho nisso que tento pensar todos os dias. 

 

Depois convenhamos : não sou uma pessoa ambiciosa e isso reduz um pouco o nível de frustração relativamente a assuntos financeiros ou profissionais. Falo em evolução. Só isso : se por algum motivo não tenho trabalho/pagamentos fico com uma neura irremediável. 

 

O problema - penso - são os padrões da sociedade, os filmes que vi, os livros que li. Não têm nada de errado : na realidade falam e descrevem um mundo onde há um equilíbrio. Onde evoluímos de uma família onde somos criados para uma que criamos. Onde o amor existe, o respeito também, e a sinceridade e o respeito para com as outras pessoas são valores intrínsecos e enraizados. 

 

E o mais engraçado é que não é estranho que muito do que tenho experienciado e visto seja o diametralmente oposto. 

 

Também já aprendi que na vida raramente estamos satisfeitos com o momento presente. E tendemos a ser ingratos e injustos com o que já vivemos. 

 

Se tudo acabasse hoje eu podia dizer que já fui muito amada. E apesar de todos os desamores e desilusões eu posso dizer que sei o que é ser especial na vida de alguém. Para alguém. 

 

Mas não vivemos no passado : o que é simultaneamente espectacular e triste. 

 

Depois há o medo tremendo de escrever sobre várias coisas que sinto. Cada vez mais acho que as coisas se devem guardar. Não que não importe mas por ser demasiado impactante tentar gritar as coisas ao mundo. 

Sempre quis ser mãe - por exemplo - e neste momento estou numa fase da minha vida em que isso seria impensável. Porquê? Apenas e só racionalmente. E o que me deixa mais triste no meio desta constatação é precisamente nem saber se deveria ficar triste, aceitar que a minha vida é isto ou mudar. 

Nada me garante que a mudança traria uma consequência diferente.

Vivo com medo. Muito mesmo. E isso é estranho mais incontornável. 

 

Eu sou grata pela vida. É também por isso que escrever sobre as coisas menos boas me deixa numa posição estranha. 

 

Não consigo fazer resoluções para o novo ano. Tento só viver os meus dias de forma razoável, ajudar quando é possível, viver com menos e fazer disso uma coisa melhor. Não sinto que tenha alguma missão especial : e aliviar o sentimento de culpa pode facilitar os dias. 

 

Li há pouco tempo que confiar nas pessoas torna a vida mais fácil. Compreendo o ponto. 

Mas acho que confiar é um acto demasiado sério para ser feito com leveza. Confiar seria fácil se todas as pessoas vivessem em comunidade e não com os seus próprios egos. Confiar seria fácil se as pessoas entendessem que vale a pena fazer um esforço por alguma coisa que vale a pena. 

Acredito que existam pessoas assim... mas não conheço muitas. Por isso - e não conseguindo confiar em muita gente - prefiro tentar que a vida seja mais fácil por tentar relativizar e desvalorizar as consequências das coisas que não são correctas. Ou seja : nem penso em confiança. 

Penso na minha consciência e nos vários exemplos que tenho de pessoas que se conseguem reerguer quando tudo desaba. 

 

Gostava de ser capaz de pensar um bocadinho mais em mim. Não no modo:  "nada é como tu gostavas." , " as pessoas não fazem por ti o que fazes por elas." mas sim dar mais importância às coisas que me dão prazer. Aos pequenos prazeres da vida que por vezes dispenso por achar que não vale a pena. 

 

Balanços sobre este ano? Nem me atrevo a fazer. 

 

Aconteceram coisas óptimas a pessoas que estão próximas de mim. Isso faz-me acreditar que nem toda a magia se perdeu. 

 

 

Continuo a achar que a minha Doença pelo Amor é culpa do Miguel

 

 

 

 

 

 

 

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