Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

A Melhor Amiga da Barbie

2014. Uma pequena - mas muito importante - parte.

31.12.14 | Ana Gomes

 

2014.jpg

 

 

2014. 

Nem quero pensar se isto é ou não um texto cliché. 

O que me tira a paciência são as pessoas que reviram os olhos a tudo. Isso 2014 não mudou em mim. 

 

Foi um ano do caraças. Eu não sei ainda se foi bom ou só mais ou menos. Mas sei que se por um lado preciso de "virar esta página" por outro não queria que o ano acabasse. 

 

Viajei TANTO. E fui particularmente *feliz* nessas viagens. Estocolmo, Praga, Madrid várias vezes, o paraíso que é Menorca, Portugal de norte a sul, Londres e Nova York. 

Nova York deixou-me de queixo caído. Fui sem expectativas e apaixonei-me no momento em que aterrei. Foi muito bom e muito estranho ao mesmo tempo. Fui à Broadway, atravessei a ponte de Brooklyn a pé e de autocarro, nevou enquanto bebia taças de café num diner cheio de springbreakers. Bebericámos saquê na cave de um japonês,margaritas salgadas num mexicano às 3 da tarde e conversámos alto por baixo de um candelabro magnifico num tailandês de luxo. Manhattan eram essas misturas todas. 

Quis viver no Soho, quis estar permanentemente de férias e viver ali. Casacos de malha largos, óculos de sol e o cabelo num apanhado meio solto. E muito dinheiro ( acho que foi a altura da minha vida em que achei que ser rica teria vantagens imediatas ).  

Foi a minha vontade de me mudar para Nova York e deixar a minha vida aqui que me fizeram ir a Londres meses mais tarde. Achei que seria mais fácil perceber como seria viver longe - não muito longe. Não percebi. 

Em Menorca soube que praias selvagens com água morna e caminhos por desbravar não são só postais. Fui acolhida por uma família doce e bebemos negronis amargos nas pedras pretas que separavam a nossa casa do mar. 

 

Por cá tive oportunidades maravilhosas. Estive envolvida em processos criativos, vi peças que desenhei e idealizei serem comercializadas, fotografei, fui fotografada e chorei e ri com tudo isso. Conheci restaurantes e hotéis com que nunca sonhei. 

Tive a oportunidade de conhecer mulheres muito diferentes, pessoas que nunca se tinham maquilhado na vida, que nunca puderam aprender a tratar delas como se isso não fosse um luxo. Foi uma aprendizagem. Não sei quem aprendeu mais. Se eu.. se elas. No fim do percurso abri todos os meus cremes bons e usei-os. Nunca mais fui a lado nenhum sem por perfume. Achei demasiado idiota poupar as coisas boas para mais tarde. Se as tinha... devia-as usar. PARA MIM e no momento. 

Fiz o mesmo com as castanhas no Chiado. Não seria por não ter companhia para partir as cascas que queimam que ia deixar de ter esse prazer na vida. 

Acabei mais uma pós-graduação e estudei muito. Essencialmente sobre a natureza e o poder para nos curar. Se tomei mais do que três comprimidos num ano foi muito. Gostei muito disso. 

Gostei de ter encontrado um encanto especial em levantar-me todos os dias para ir ao ginásio. Ter perdido a vergonha de ser uma naba nas aulas. Ir um bocadinho mais cedo ou ficar um pouco depois da aula para beber um café e ler as noticias.

Passei parte do meu Verão fora de Lisboa - o que foi difícil. Mas foi bom. Nunca estive tão bronzeada. Nunca fiz tanto yoga ou piscinas. Dos kms nem falo. Só porque o preço da gasolina não ajudou. 

Não me lembro de ter estado com tanta gente num ano como neste. No entanto, foi dos anos em que conheci - realmente - menos pessoas. 

Acompanhei de muito perto casamentos. Chorei quando nem sabia que era romântica. Mas dois anéis de noivado depois... que me puseram a tremer de felicidade - quando nem era nada comigo -  fazem-me admitir que sim. 

Consolidei uma certeza - das poucas que tenho na vida - adoro fazer rádio. As sextas-feiras de manhã foram sempre felizes. Mesmo quando entrei no estúdio de directa e com olhos inchados de noites a chorar. 

Reforcei o sentimento que felizmente me acompanha desde sempre - os meus amigos são pessoas maravilhosas e a amizade ainda consegue sobreviver ao umbisguimo que vivemos (todos.. eu também.). 

Foi por isso que em momentos em que não me apetecia mexer, ir, ou falar. Mexi-me, fui e falei. Mais do que nunca. 

E assisiti ao sucesso de tantas pessoas que me enchem de orgulho. 

E soube - com tanta certeza - que devia agradecer todos os dias em que acordei. E NUNCA deveria ser ingrata. Tive muita vergonha de coisas que senti. Sorri e abanei a cabeça por todas as vezes em que fui stressada ou negativa com coisas pelas quais nada podia fazer. Sempre me ensinaram a não ser mal agradecida ou a maldizer a vida. Mas nem sempre conseguimos fazer o que nos ensinam, verdade? 

Montei e desmontei uma casa. Uma ideia. Uma vida. Fui surpreendida por vários sentimentos. Embalei lágrimas e orgulho. Embrulhei a amargura de noites em que não soube dormir sozinha. 

E a minha família? Está a crescer :) Já não sou só filha, irmã, prima, afilhada ou sobrinha : sou tia.

E a ginja juntou-se à Pipas na missão de nos fazer aprender a amar com diferenças. 

Reforcei os laços com todas as pontes. Peguei no telefone e disse : preciso de ajuda. Não tive vergonha de pedir que me salvassem. 

Tive medo. Este ano tive muito medo, uma auto-estima de merda e uma insegurança tramada. E tive pessoas ao meu lado que sem falinhas mansas me disseram tudo. TUDO. Doeu. Fiquei mais forte. Não menos insegura. Mas mais forte. 

Fiz de dois ou três cafés do Chiado o meu ponto de encontro e tentei que o meu corpo não se esquecesse de como gosto de dançar. Ainda assim curti muito menos os meus festivais e decorei menos letras. 

Ah.. e cantei. Cantei outra vez. E lembro-me dos olhos dos meus pais quando lhes contei que ia cantar. E arrepiei-me quando entrei no estúdio. Foi uma brincadeira. Mas recuperei um bocadinho de mim. 

Quando o ano se precipitou para o fim - coincidência ou não - vivi e senti coisas que me fizeram compreender situações que com as quais não consegui lidar e que me tinham acontecido há muitos anos. A vida pareceu-me mais lixada,  o Amor ainda mais Fodido, mas... há sempre um sentido para as coisas. E uma verdade que nunca pode pertencer a duas pessoas. 

 

Não resolvi os problemas com o meu corpo. Não me resolvi. Não sei se fui uma pessoa melhor. Tentei todos os pontos anteriores. 

Sigo para 2015 sem metas, sem objectivos, com algumas certezas e IMENSAS duvidas. 

Mas a vida é isto tudo. "É o que é". 

 

9 comentários

Comentar post