Mel-an-co-lia
Sempre que vou a casa dos meus pais fico com a sensação de que o tempo não chega para nada.
A ideia de que saio sempre a correr. De que deixo metade das coisas para trás. Que me esqueço de coisas importantes. Que não os abracei de forma suficientemente forte.
E saio sempre com a certeza que não lhes mostrei o quanto gosto deles. O quanto lhes estou grata por tanta coisa. Parece tudo pouco. Parece tudo insuficiente.
Vivemos numa correria desenfreada. Não temos tempo para as coisas mais básicas e simples do mundo.
Resolvemos parte dos nossos problemas pelo telefone, pela internet.
Somos racionalmente irracionais e vivemos no impulso.
Eu vivo assim todos os dias.
Mas quando estou naquela casa. Na casa onde os meus pais vivem, parece que o tempo ganha uma dimensão astronómica. Em que as manhãs são noites rápido demais, e que acabei de chegar mas já está na hora de me ir embora.