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A Melhor Amiga da Barbie

Vamos falar do parto?

19.05.17 | Ana Gomes

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Sou mãe há exactamente uma semana. 

E passei praticamente 9 meses a pensar e a ter certezas absolutas sobre o parto e certas coisas da maternidade. 

Bom... na verdade eu não tinha a certeza do que iria acontecer ( claro ) mas tinha a certeza da minha vontade e de como a queria levar a bom porto. 

 

Antes de continuarem a ler o texto... gostava de deixar o meu conselho a mães grávidas e que estejam próximas da data do parto: não continuem a ler. A nossa história acaba bem ( estamos aqui as duas para a contar ) mas confesso que um dos meus maiores factores de ansiedade perante o dia "D" se prendeu com a partilha de experiências espontâneas que várias pessoas tiveram comigo : a cabeça começa a entrar em loop, pensamos: "eu não sei se aguento passar por isto" e por aí fora. Mais vale não ler, não ouvir, não saber e ser guiado pela equipa médica e pelo nosso instinto. E acreditem : o que na altura vos parecer horrível depois... esquece-se mesmo! 

 

Mas voltando a nós! A Vi estava encaixadinha para sair há bastante tempo, aliás, isso valeu-nos um internamento e várias semanas de repouso absoluto. Mas a última ecografia mostrava um bebé pequenino e que teimava em não engordar na barriguinha. Decidimos que, se a menina não nascesse até dia 11 de Maio, o parto seria provocado no dia 12. 

 

E assim foi. Fomos cedinho para a maternidade, malas no carro, coração aos pulos e umas lágrimas nos olhos. Fiz o caminho do Bairro Alto para a Expo junto ao rio e fui toda melodramática a imaginar que aquela seria a última vez que veria o mundo assim... sozinha. 

 

O parto foi induzido por uma enfermeira que durante TODO o processo me explicou tudo o que ia acontecer. Foi mesmo super atenciosa e detalhada ao longo do dia, explicou-me tudo o que iria sentir, o que se estava a passar e como me podia "defender". Foi também esta enfermeira que percebeu que a menina Vitória tinha recuado em relação ao dia anterior quando fui observada, conclusão: um trabalho de parto que se previa relativamente rápido...não iria ser. 

 

Abreviando a história e as várias horas que passei entre toques e CTG houve dois momentos em que as coisas se complicaram. E sim.. a meio da tarde já tinha pedido a deliciosa epidural, depois de ter rebolado muito na bola de pilates e de me ter contorcido um bocadinho na cama. Lembro-me de dizer ao Tiago que - no que a mim me dizia respeito - a Vitória seria filha única. Mas também sou obrigada a dizer que não me lembro em absoluto da dor que senti. A minha Mãe também já estava connosco quando as coisas se começaram a complicar : o primeiro desaceleramento cardíaco. Puseram-me a oxigénio e ajudaram-me a controlar a situação.

 

Sabem o que senti neste momento? Zero medo. Senti uma tristeza e um peso no coração por saber que a minha Mãe estava a assistir a tudo isto. Fiz-lhe sinal para sair do quarto e só pensava que nenhuma Mãe merecia assistir a isto. Foi neste momento que fiquei realmente nervosa e assustada.

Passado uma hora o cenário repetiu-se e a minha Obstetra - Dra. Ana Cristina Marques - explicou-me que não podíamos correr riscos e que teríamos de avançar para uma cesariana. 

A minha cabeça dizia Não! Já chegámos até aqui, fizemos tudo o que tinha de ser feito, eu não quero uma cesariana. Mas não precisei de verbalizar nada, durante vários meses eu manifestei a minha vontade de ter um parto normal, a Dra. sempre disse que esse era o caminho que iríamos levar, ajudou-me e esteve ao meu lado durante toda a tarde. Eu tinha de acreditar que aquela decisão era fundamentada ( como se dois momentos de susto não fossem o suficiente ). 

 

Seguimos para o bloco, eu desolada, a minha mãe a dar-me força, toda a equipa a motivar-me. Depois de tudo preparado deixaram o Tiago entrar no bloco e em pouco tempo a Vitória estava connosco. O meu mini bebé perfeitinho. 

Achei - não sei bem porquê - que não iria sair daquela sala de parto. A minha menina nasceu sufocada pelo cordão, a cesariana foi - sei-o agora - a decisão mais acertada. 

É obrigatório agradecer às pessoas que lutaram pelo direito do Pai estar presente na sala de partos durante a cesariana. Poder ter o Tiago ao meu lado, poder desabafar com ele, explicar o que sentia, termos o privilégio de agarrar na nossa menina mal nasceu... é um direito de ambos. Apesar da epidural consegui sentir tudo o que aconteceu e lembro-me de lhe dizer que estava a sentir que a nossa menina ia nascer e uns segundos depois do meu coração ter parado de bater fora do meu corpo ( os segundos das manobras que tiveram de ser feitas por causa do cordão ) a Vi estava entre nós os dois. 

 

A minha mini bebé nasceu no dia 12 de Maio, às 18.20 com 2,600kg e 46 cm. Para infelicidade de 90% da equipa médica não decidi mudar o nome para Francisca - em homenagem ao Papa que tinha acabado de chegar a Fátima. 

 

 

Obrigada Mamã por teres estado sempre do meu lado. Obrigada Ti por uma menina tão perfeitinha - e por não teres desmaiado na sala de parto. 

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