Não é possível gostar da Segunda-Feira.
Não é possível gostar de Segundas-Feiras.*
Deram-me o Amor com tempo livre, deram-nos a liberdade de fazer tudo em conjunto.
Acordar devagar, demorar a afastar a almofada, procurar o encaixe perfeito dos corpos num abraço preguiçoso. Partilhar a temperatura morna de quem ainda não quis saber da pressa dos dias.
Os duches mais demorados, dançar em casa com a toalha atada no peito, preparar o pequeno-almoço e deitar-me no sofá com as pés entalados na dobra das tuas pernas. Experimentar vestidos, batons, chapéus, procurar entre muitos risos a tua aprovação. Sair sem plano, ou com os planos todos traçados.
Ser tua na nossa cidade. Ser vaidosa por me dares a mão. Por me roubares beijos no meio da rua. Sorrir, rir tanto, ter medo e ser feliz. Sair para dançar, adormecer num emaranhado de lençóis ou no sofá da sala. Sem horas, sem tempo, sem planos, ou com os planos todos traçados.
A noite de domingo traz-me um desalento que não consigo descrever. Sinto coisas que não devia sentir.
E quando chega Segunda não há nada que eu possa fazer. Não gosto que a Segunda-Feira me leve o tempo contigo. É isso que são as Segundas-Feiras de que não posso gostar.
O telefone acende-se : tenho saudades.
Se tu soubesses as saudades que eu tenho.